19.8.12

Os Cinemas de São Paulo IV – Av. Liberdade, Vergueiro, Jabaquara e Região


Continuando o roteiro dos cinemas, vou agora no caminho de casa. Fiz este percurso a pé muitas vezes com amigos, conversando e parando nos vários locais, durante o dia ou à noite.

Cine Tokio – Rua São Joaquim 129 – Passava filmes japoneses da Nikkatsu. Vi muitos filmes por lá. Encontra-se fechado.

Cine Nippon – Rua Santa Luzia 74 – Passava filmes da Shochiku. Encontra-se fechado.

Cine Niteroi – Av. Liberdade 631 – Passava filmes da Toei. Se não me falha a memória foi lá que vi “Godzilla” em preto e branco, aliás a grande maioria dos filmes eram em preto e branco. Foi o primeiro cinema a passar exclusivamente filmes japoneses. Fechou em 1988.
Havia um cinema que ficava na Vergueiro em frente a onde está hoje o Hospital Municipal, eu passava por lá a pé ou de bonde mas não havia letreiro e aparentava estar fechado há muito tempo, nunca consegui saber o seu nome e quando fechou, quem souber agradeço muito a informação.

Cine Leblon – Rua Vergueiro 934 – Fui muito neste cinema, mas não me recordo dos filmes que lá vi. Fechou com as obras do metrô sendo o prédio demolido.

O “Kings”, restaurante da Rua Domingos de Moraes nº 336 sempre serviu  uma comida de excelente qualidade e variedade. Sempre que estou por ali na hora do almoço, passo por lá. Quando eu dava aulas na ABER do Largo Ana Rosa, comecei a frequentar este restaurante e isto já fazem 25 anos.

Cine Capri – Rua Domingos de Moraes 348 – Ficava numa galeria que está lá até hoje, mas o cinema não. Abriu como Cine Bruni, mudando o nome logo depois. Hoje é sede de uma seita evangélica.

Cine Cruzeiro – Rua Domingos de Moraes 486 – Tinha 2196 lugares. Fui lá muitas vezes, ficava no meio do largo Ana Rosa, vi lá os dois primeiros filmes do Zé do Caixão: “A Meia Noite Levarei tua Alma” e “A Meia Noite Encarnarei no Teu Cadáver”, ambos em preto e branco, mas este último tinha algumas cenas coloridas. No local há hoje uma loja Pão de Açúcar.





Isto já é mais recente, final dos anos 90 mais ou menos, mas merece ser lembrado. Havia um restaurante chamado “Boulevard Ana Rosa” na Rua Vergueiro, nº  2279 que fazia parte de uma rede com várias casas espalhadas pela cidade, no final dos anos 90 todas, menos essa já haviam fechado. Era um salão muito grande, e serviam almoço na modalidade por quilo. A comida era simples, básica e barata, então estava sempre cheio. Aos domingos havia uma comida um pouco mais caprichada e haviam muitos casais de idosos que lá almoçavam para não ter que fazer comida em casa. Era bonito de se ver, reuniam-se ali os moradores mais antigos do bairro. Fechou por volta de 2004, no local ficou por alguns anos uma agência do Banco Itaú que foi demolida e está sendo construído lá um edifício de escritórios.

Cine San Remo – Rua Domingos de Moraes 770 – Ficava onde está hoje uma agência do Bradesco. Deve ter fechado no início da década de 60, só me lembro de passar por lá de bonde.

Cine Fenix – Rua Domingos de Moraes 898 – Neste eu vi “A Volta ao Mundo em 80 dias” e fui muitas outras vezes. Ficava onde há hoje uma Agência do Banco do Brasil que antes era Nossa Caixa.

Na esquina ao lado do Cine Fenix do mesmo lado da rua onde há hoje um  prédio com uma galeria interna, havia na década de 50 uma grande mercearia. Um dia lembro-me como se fosse hoje, passei lá de bonde, eu era criança e vi que havia sido destruída por um incêndio, as latas de mantimentos estavam empilhadas no meio da rua e o bonde passava muito devagar por vários dias.

Loja A Sensação – Rua Domingos de Moraes 1062 – Era uma loja de departamentos, que nos jornais de domingo publicava um anúncio de página inteira anunciando o “Artigo do Dia” dos dias da semana subsequentes, era um artigo para cada dia da semana que era vendido a um preço muito baixo e atraia muita gente, se alguém chegasse depois do meio dia provavelmente já não encontrava a oferta. Ficava onde está hoje o 11º Tabelionato.



Estação dos Bondes da Vila Mariana – Situava-se onde há hoje um terreno com tapumes do metrô. Era uma grande garagem e oficina dos bondes que circulavam na região. No mesmo local no final do Séc. XIX e início do Séc. XX ficava a “Estação Villa Marianna” do tranway que ligava a Liberdade a Santo Amaro e deixou de circular com a implantação dos bondes elétricos pela Light no início do Sec. XX.





Foi demolida em 2005 a residência do Sr. Carlos Petit, que dá nome a uma rua próxima e foi vereador e grande empresário contribuindo para o desenvolvimento da região. Ficava na Rua Vergueiro e abrigava o “Restaurante Livorno” e depois lamentavelmente um comitê político.



Padaria ABC – Ficava no nº 1231 da Rua Domingos de Moraes, lembro-me que faziam um biscoito de polvilho muito gostoso. No local há hoje um restaurante.

Doceira Gerbeaux – Ficava no nº 1254 da Rua Domingos de Moraes e era especializada em doces gelados. No local há hoje uma loja de variedades.

Cine Soberano – Rua Vergueiro 6487 – Esquina com a Gentil de Moura. Lembro-me de ir até lá por acaso, mas não entrei, ficava um pouco longe do meu roteiro.

Cine Lins – Av. Lins de Vasconcelos 2375 – Fui uma única vez lá, mas não me recordo do filme que assisti. No local posteriormente passou a se localizar uma seita evangélica onde o teto desabou, matou e feriu alguns seguidores da mesma.

Cine Riviera – Av. Lins de Vasconcelos 1108 – Passei em frente diversas vezes, mas não entrei por ficar um pouco fora da rota.

Cine Sabará – Rua Domingos de Moraes 1199 – Eram 1840 lugares na plateia quase plana. Se alguém mais alto se sentasse na sua frente, você perdia a visão da tela. Lembro-me de assistir lá algumas sessões do Festival Tom & Jerry quando era criança. Ficava ao lado de uma casa estilo bávaro, muito bonita, totalmente avarandada que sediava o Centro de Saúde da Vila Mariana e que teve que dar lugar ao Supermercado Pastorinho, juntamente com o Cine Sabará.

Colégio Arquidiocesano – Estudei lá por um ano, escola de disciplina rígida ditada pelos Irmãos Maristas. Haviam vários campos de futebol no terreno, depois com as sucessivas reformas e ampliações  foram extintos ficando só o ginásio coberto. Aos domingos era obrigatória a missa na capela do colégio, ia-se em jejum para confessar os pecados e receber a comunhão. Depois ia-se ao refeitório onde era servido um café com leite numa xicara gigantesca e um pãozinho com manteiga também gigantesco que era feito lá mesmo. No final do ano minha mãe foi chamada e lhe informaram que eu não me havia adaptado à disciplina da escola e que embora eu tivesse passado de ano, ela teria que procurar outra escola para mim. Talvez tenha sido porque eu entrava nos compartimentos de chuveiros individuais nos vestiários, fechava todos eles por dentro saindo pela abertura inferior da porta, um dia dei de cara com os sapatos de um padre, aliás, lembro-me até hoje: sapatos pretos e meias vermelhas, que me levou para a sala de aula e me obrigou a escrever 500 vezes a frase: “Não devo trancar os banheiros por dentro”, mas valeu, nunca mais tranquei nenhum banheiro por dentro! A escola era tão boa que a matéria que aprendi lá naquele ano, vim a rever só dois anos depois em outra escola. Continua sendo uma das melhores escolas da região e me orgulho muito de lá ter estudado. Mas eu era mesmo um garoto muito traquinas, como se dizia na época.



Por volta de 1971 se iniciavam as obras do metrô, uma boa parte dos cinemas fecharam naquela época, juntamente com lojas comerciais porque o transito da Rua Domingos de Moraes e Av. Jabaquara foi desviado para ruas laterais e na avenida só o que havia eram grandes tapumes e passagem estreita para pedestres nas calçadas.

Teto da Estação Santa Cruz sendo construído

Cine Jamor – Rua Domingos de Moraes 2833 – Foi inaugurado já na década de 70, lembro-me de frequenta-lo diversas vezes, muito confortável e cheirando a novo. Não me recordo dos filmes que vi lá. Depois de ter sediado uma seita evangélica, o prédio hoje está vazio.



Padaria Benfica – Ficava na esquina da Rua Domingos de Moraes com a Rua Luiz Gois do lado oposto onde está até hoje a “Padaria Amarante”, que está ali também desde o final dos anos 40. As duas rivalizavam com seus pães. Na Padaria Benfica havia um biscoito de polvilho muito bom e você escolhia um pão de forma ou qualquer outro pão e eles passavam numa máquina que em um minuto fatiava o pão e você levava para casa o pão escolhido já fatiado. O ponto foi comprado do português proprietário pelo Banco Português do Brasil que instalou lá uma agência. Posteriormente os portugueses do banco o venderam ao Banco Itaú que ficou lá até a década de 90 quando se mudou para o prédio próprio na Rua Luiz Gois. Posteriormente o local foi ocupado por uma lanchonete de kibe e esfiha e em seguida por um supermercado onde haviam muito poucos itens. Hoje o prédio está vazio. Chega-se à conclusão que o último estabelecimento comercial de sucesso que aportou neste ponto foi a Padaria Benfica.

O Braseiro - Salvador o Rei do Tempero - Rua Luis Goes 843 - Serve-se ali o melhor galeto na brasa de São Paulo. Restaurante simples e preço honesto razão de sobra para estar ali há mais de 40 anos. Fins de semana há filas no almoço. Fecha às 23:00 horas.

Orient House - Rua Luis Goes 815 - Comida chinesa e japonesa honesta, porções fartas, ar condicionado. Em nenhum lugar do mundo talvez você não encontre cozinha japonesa e chinesa no mesmo local!
Cine Nilo – Av. Jabaquara 123 – Parecia pequeno mas comportava 1133 lugares, era bastante inclinado, tanto a plateia como a parte superior. O prédio foi ocupado durante um tempo pela mesma seita que ocupava o Cine Lins, depois de um tempo fechado, hoje sedia outra seita evangélica



No nº 442 há uma agência da “Caixa Econômica Federal” que iniciou atividades no bairro no início dos anos 50 no nº 650 da Av. Jabaquara, onde é hoje uma loja das “Casas Pernambucanas” que nessa época situava-se na Av. Bosque da Saúde. A Caixa antes de se instalar no local que está hoje ocupou o nº 282 da mesma avenida, onde é hoje o estacionamento da loja “Tateno”. Note-se que quando a Caixa se instalou no bairro não haviam outros bancos, aliás não era usual os bancos manterem agências nos bairros como é hoje. Os serviços eram concentrados no centro da cidade. Então a Caixa foi pioneira nessa modalidade de atendimento. A minha primeira conta lá, meu pai abriu quando eu tinha 10 anos de idade, em 1956 e continuo cliente até os dias atuais.

Túnel entre Estação Saúde e Praça da Árvore em 1973 


Praça da Árvore em 1970

Praça da Árvore em 1974


Osnir Hamburguer – Av. Jabaquara 538 – Na época era apenas uma portinha nesse endereço com um balcão onde eram servidos lanches, onde o mais pedido era o hambúrguer que era de certa forma uma novidade na época. Lanchei por lá muitas vezes quando brigava com minha mãe e ela não me deixava comer em casa. Hoje esta lanchonete ocupa a esquina inteira com uma bonita instalação e uma comida de primeira qualidade e variedade.

Cine Estrela – Av. Bosque da Saúde 184 – Este talvez foi o cinema que mais frequentei, por estar muito próximo de minha casa. Tinha uma plateia com 1760 lugares. A parte de baixo era plana como o Cine Sabará, mas a parte de cima era bem inclinada. Era comum jogarem rapé da parte de cima para a plateia e era aquele festival de espirros. No carnaval, tiravam as cadeiras e faziam bailes bastante concorridos. Depois de uns anos como bingo, hoje está fechado.

Da Praça da Árvore partia um bonde aberto com duas frentes que ia até o Bosque da Saúde, ia por linha singela e havia um desvio na Av. Bosque em frente a um grande depósito de bebidas, onde os bondes se encontravam e nesse local havia também uma loja do SESI onde meu pai fazia as compras mensais por ser mais barato, lembro-me de ajudar a carregar as compras carregando um bacalhau do meu tamanho, que naquela época não tinha os preços salgados de hoje. No ponto final lá no Bosque da Saúde o motorneiro  virava os bancos, virava a alavanca e voltava com a outra frente porque no local os trilhos terminavam simplesmente. Posteriormente quando os bondes abertos foram substituídos pelos fechados camarões, foram colocados trilhos que permitiam uma manobra em T, porque este só tinha uma frente. A foto é de 1969, antes do metrô, ali na Praça da Árvore fazia ponto final, no local onde está o ônibus da UTIL, o bonde 23, que saía da Praça João Mendes, em frente à “Padaria Sta Tereza”, o abrigo ainda lá se encontra com uma floricultura e uma banca de jornal.




Na Praça da Árvore nº 23 está há 64 anos a “Pastelaria Shangai”. Sempre com os mesmos proprietários, um simpático casal. Eu tinha 6 anos de idade e minha mãe me levava lá para comer o pastel de queijo. Minha referência de pastel de queijo até hoje é o desta pastelaria, sempre que posso passo por lá. Naquela época pastel você só encontrava em pastelarias, não haviam os pasteis de feira. Os primeiros pasteleiros que se aventuravam nas feiras tinham a mercadoria apreendida e alguns chegaram até a ser presos. Com o tempo, nossa operosa Prefeitura Municipal acabou autorizando essa atividade.

O “Bazar Odete” está na Av. Jabaquara nº 771, esquina com a Praça da Árvore há 65 anos. Minha mãe adquiria lá botões e aviamentos, hoje vendem também roupas prontas e nós da Entrelivros várias vezes fomos salvos de ir até a 25 de Março adquirindo lá alguns metros de fitas ou tecido no sufoco do prazo de entrega de algum trabalho.

Na Av. Bosque da Saúde 73, esquina com a Pça da Árvore, localiza-se há 80 anos a “Casa Zilá”, vendendo churrasqueiras, utilidades domésticas, ferragens, tintas e parafusos. É difícil procurar algo, ir lá e não encontrar.

No nº 780 da Av. Jabaquara, localizava-se a “Casa Rigor” com completo sortimento de ferragens, parafusos e ferramentas. Tinha uma instalação muito antiga, os funcionários eram todos muito idosos. Fechou nos anos 70. Por volta do ano 2002 surgiu na Rua das Rosas uma Casa Rigor, cujo proprietário apenas utilizava o nome, nada tinha a ver com a antiga. Fechou com pouco mais de dois anos de atividades.

Na Av. Jabaquara nº 712, esquina com a Rua Guaraú, encontra-se desde 1939 a “Panificadora Pão Caseiro”, servindo uma grande variedade de pães, lanches e refeições. Até meados da década de 60 o pãozinho que conhecemos hoje só era vendido por encomenda e não como é hoje. Havia o filão de pão, a bengala, mais fina e comprida e havia também o pão suíço que era borrachudo não crocante. Ocorre que naquela época saiu uma lei que dava a opção ao consumidor de comprar o pão por peso, veja bem: a lei dava “mais uma opção” e não obrigava a padaria a vender o pão só por peso como é hoje. Dois filões ou duas bengalas pesavam aproximadamente 950 gr. Então as padarias passaram a fazer o pãozinho para completar o peso de quem optava por adquirir pães por peso e ficando à vista no balcão o consumidor passou a pedir só o pãozinho que formou novo habito de consumo. A Panificadora Pão Caseiro funciona 24 horas e é uma ótima opção na madrugada.

A “Drogasil” na Av. Jabaquara nº 586/592   está lá desde o final da década de 40, lembro-me de ir lá com meu pai. Tinham uma linha de produtos próprios com um produto chamado “Astringosol” que provavelmente foi o primeiro enxaguante bucal. Há pouco tempo ao experimentar um creme dental da marca Close-Up minha memória foi avivada: O sabor é exatamente igual ao Astringosol!  Nos anos 70 passou a ter também uma loja na Praça da Árvore que encerrou atividades nos anos 90.

Cine Arca – Av. Fagundes Filho 634 – Este cinema só passei na porta algumas vezes. Fechou há muito tempo.

Deixo de citar aqui a “Igreja de São Judas” e o “Colégio Jabaquara” pelo motivo de ambos terem sido lembrados numa postagem anterior recente: “Meus Tempos de Ginásio”.

Cine Maringá – Av. Conceição 1098 – Era o último cinema, daí pra diante só em Diadema e São Bernardo do Campo. No carnaval, a exemplo do Cine Estrela, retiravam-se as cadeiras e eram promovidos bailes bastante concorridos. O ônibus que se vê na foto cumpre a linha 12 – Jabaquara, da CMTC e era na época a única condução que ligava o local ao centro da cidade.


Revisado em 02-01-2013

Fotos com ônibus pertencentes a: http://www.toffobus.com.br

Em breve, a Parte V – Brás e Região

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12.8.12

Os Cinemas de São Paulo III – Praça da Sé e Região


Seguindo a roda dos cinemas, vou falar agora da região da Praça da Sé ou do centro velho como se dizia na época.

Na Rua Libero Badaró existia e ainda existe a “Casa Godinho” famosa mercearia onde são vendidos produtos da mais fina qualidade, bacalhau, pães, azeitonas, etc. Ocupa um dos armazéns do “Prédio Sampaio Moreira” e está lá desde a construção do prédio em 1924 (antes ficava na Praça da Sé desde 1890). Provavelmente a Casa Godinho é o comércio mais antigo da cidade. O Prédio Sampaio Moreira foi o prédio mais alto de São Paulo, só perdendo para o Prédio Martinelli em 1929.



Não poderia deixar de falar do “Prédio Martinelli” que infelizmente naquela época encontrava-se bastante deteriorado, põe deteriorado nisso. Eu trabalhava no Banco Santander, na primeira investida no Brasil onde foi meu primeiro emprego. Em 1964 eu ia numa casa de câmbio que ficava em uma das entradas do prédio, ao nível da rua, com grandes quantias em dinheiro para adquirir dólares a mando dos executivos do banco. Naquela época já existiam assaltos sim, mas não ao nível de hoje. O Sindicato dos Bancários ficava no 7º andar e era muito difícil encontrar um elevador que funcionasse, o jeito era subir por escada mesmo, ocorre que era um local perigoso, ocorreram vários assassinatos ali e no prédio encontravam-se as mais diversas atividades, até uma escola que ensinava a roubar carteiras a polícia encontrou por lá, havia inúmeros bares em todos os andares e no final da década de 70 foi interditado e reformado, hoje é ocupado por diversos setores da nossa gigantesca e operosa municipalidade, entre outras atividades.



Na Rua São Bento nº 385 havia uma papelaria chamada “Rosenhain”. Vendiam material técnico para desenho e pintura, lápis da marca “Koo-i-Noor” importados da Tchecoslováquia em caixas de até 60 cores, esquadros de acrílico milimetrados em tamanhos grandes e banquetas e pranchetas de desenho muito robustas. Existia uma filial na Av. São Luiz.  Com a proibição de importações ordenada pela Ditadura Militar, teve que fechar as portas porque naquela época não havia produção nacional da maioria dos itens que comercializava.

Encadernadora Kristina – Rua José Bonifácio 176 cj 9 – Com o fechamento da loja de artigos para encadernadores da Rua Capitão Salomão, passei a comprar papelão, percalux e outros materiais na Encadernadora Kristina. Sr. Carlos e seu irmão eram os proprietários. A Entrelivros eu só fundei em 1991, então me abastecia lá. Um dia fui lá comprar dois metros de percalux que era vendido enrolado com 1,30 de largura como é até hoje. Dois metros formavam um rolo fininho que eu carregava pela José Bonifácio estribado no ombro e com a outra ponta baixa na minha frente, então acho que me distraí com alguma coisa e sem querer enfiei a ponta do rolo no meio das pernas de uma mulher que ficou muito brava e apesar das minhas desculpas armou uma gritaria tremenda na rua, exigindo a presença da polícia. O jeito foi fazer que não era comigo, misturei-me na multidão e a passos largos subi a Rua Paulo Egídio em direção ao Largo São Francisco, eu já ia longe e ainda ouvia os gritos dela.
Ainda na Rua José Bonifácio nº 82 resiste a “Lojas Americanas” enorme, atravessa até a Rua Direita. É uma loja que vende de tudo, perfumaria, roupas, utilidades domésticas, brinquedos, eletrodomésticos, ferramentas, papelaria, etc. Eu quando era criança adorava entrar nessa loja e sair em outra rua, para mim aquilo era como uma viagem no tempo, impossível de ser feita, mas eu conseguia.

Na Rua São Bento 74 havia a “Casa Califórnia” onde se podia comer o melhor sanduiche de linguiça que provei até hoje, Ocorre que em outro número há uma lanchonete usando o mesmo nome, não tem sanduiche de linguiça e segundo Eduardo Carvalho, bisneto do fundador Sr. Manoel Teixeira de Carvalho que fundou a casa em 1924, nada tem a ver com aquela Casa Califórnia que fechou as portas no início da década de 80 devido à deterioração do centro.

Também na Rua São Bento 514 ficava a “Leiteria Pereira” casa fundada em 1884, onde pode-se almoçar uma comida bem preparada ou a qualquer hora do dia um lanche dos bons. Hoje continua com o novo nome “Guanabara São Bento”.

Havia também uma loja “Mappin” nesta rua no nº 230, não tão cheia como a matriz, mas com a maioria dos itens.

No Largo do Café nº 18 numa pequena portinha fazia-se o melhor hot-dog de São Paulo, estava lá desde os anos 40, passei lá há dois anos e verifiquei que ainda estava lá, só a marca da salsicha havia mudado para uma mais comercial, mas continuava bom. Novamente passei lá há alguns meses e verifiquei que foi incorporado ao bar e restaurante da esquina, entrei e saí, perdi a fome.

Continuando na Rua São Bento nº 230 não posso esquecer da “Botica Veado de Ouro” farmácia de manipulação  tradicional que está lá desde o início do Sec. XX, com muita fama, porque naquela época eram bastante raras as farmácias de manipulação..

Também na Rua São Bento, esquina com a Praça Patriarca havia a “Casa Fretin” que vendia óculos, artigos cirúrgicos e o que quase ninguém sabia, uma seção de livros com volumes de ocultismo muito completa com edições nacionais e importadas.



Na ponta do Viaduto do Chá está o “Edifício Conde Luiz Eduardo Matarazzo” que foi construído para abrigar a sede das “IRFM Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo” foi projetado pelo Arquiteto italiano Marcello Piacentini a mando do Empresário Francisco Matarazzo Jr. O Projeto tem inspiração fascista devido à ligação do arquiteto com o regime de Mussolini. O mármore que o reveste veio todo da Itália. Sediou os escritórios do conglomerado fabril Matarazzo desde a sua inauguração nos anos 30 até 1972. Entrou como pagamento de dívidas ao Banespa e sucessivamente acabou ficando com a Prefeitura de São Paulo, que desde 2004 fez dele sua sede.



Na Praça Patriarca nº 84 durante muitos anos funcionava a “Casa São Nicolau”  que era uma loja de presentes e utilidades domésticas. Ainda tenho um sininho que ganhei lá de um Papai Noel, quando era criança.

Na esquina da Rua Libero Badaró ficava o “Othon Palace Hotel”, com seu “Chalet Suisse” no último andar, com uma bonita vista para o Anhangabaú. Foi lá que conheci o fondue, que naquela época era servido com queijos importados, uma vez que não existiam Ementhal ou Gruyere nacionais, por isso era um prato muito caro, era para ocasiões muito especiais como para impressionar alguma rabiteza. O prédio encontra-se fechado sem uso mais uma vez devido à deterioração do centro. Há um projeto da Prefeitura de São Paulo para integra-lo ao edifício sede da municipalidade, instalando lá algumas secretarias e consta que será feito um túnel por baixo da rua para sua melhor integração. não sei a quantas anda a realização deste projeto, mas quando se trata de desperdiçar dinheiro público as coisas até costumam andar rápido.



Na Rua Direita esquina com a Quintino Bocaiuva ficava a “Casa Bevilaqua” vendiam partituras, livros de música e discos LPs. Quem me atendia era o vendedor Sr. Prado, sempre muito atencioso, quando eu chegava ele já tinha separado o que eu costumava levar.

Na Rua Quinze de Novembro esquina com a Rua Gen. Carneiro havia uma loja de balas, bombons e confeitos da marca “Sonksen” cuja fábrica ficava na Rua Vergueiro 310. Faziam vários tipos de chocolates, doces e balas, mas o produto que mais fazia sucesso eram as balas de cevada que eram vendidas em uma latinha oval (havia também uma cilíndrica maior). A situação financeira da indústria não era das melhores, eram produtos finos e caros se comparados com a concorrência. Um dia nos anos 80, o que restou da  fábrica pegou fogo, nada sobrou e nunca mais tivemos as balas de cevada.



Na Rua Roberto Simonsen havia uma loja “Argênzio”  que comercializava queijos de marca própria e de outros fabricantes, vinhos, bacalhau, e iguarias diversas. Havia uma filial do lado esquerdo da Catedral Metropolitana entre a Praça da Sé e Praça João Mendes e alguns supermercados em bairros onde havia um atendimento diferenciado na venda de queijos e frios. As lojas fecharam, a fábrica de queijos trocou de donos, os supermercados, passaram a fazer parte das grandes redes pasteurizadas e homogeneizadas.

Cine Texas – Rua Roberto Simonsen 88 – Passei várias vezes na porta deste cinema mas nunca entrei:  Eu nunca gostei de cinemas que passavam dois filmes na mesma sessão, geralmente pelo menos um deles era muito ruim e às vezes até os dois se enquadravam nesta característica.

A “Catedral Metropolitana” merece sempre uma visita, com sua imponência e suas gigantescas portas confeccionadas pelo “Liceu de Artes e Ofícios”. É consagrada a Nossa Senhora da Assunção e o início de sua construção se deu em 1913 com projeto do arquiteto alemão Maximilian Emil Hehl. A construção tem predominância do estilo neogótico, inspirada nas grandes catedrais medievais da Europa. Mosaicos, esculturas e mobiliário foram trazidos de navio da Itália. Foi inaugurada em 1954 com as torres ainda inacabadas, sendo terminadas em 1967. Em 2001/2002 foi restaurada seguindo-se as plantas originais de 1912. Abriga um órgão “Balbiani & Rossi” construído em Milão em 1954, sendo restaurado em 1996/7. É o maior órgão de tubos do Brasil.



Na esquina da Rua Barão de Paranapiacaba ficava o “Bar e Pastelaria Modelo que citei na postagem da Praça da Sé. Ainda está lá com outro nome, mas infelizmente com as várias trocas de donos e reformas não tem mais aquele pastel de palmito que eu gostava quando era criança com meu pai e que sobreviveu até há bem pouco tempo. Passei lá e constatei que o que há agora é um pastel de palmito igual a tantos outros que existem em São Paulo.

Na Rua Barão de Paranapiacaba ficava a “Papelaria São Miguel” que tinha o maior sortimento de penas para quem fazia caligrafia. Era um balcão de vidro inteiro com uma quantidade enorme de penas de ferro, latão, bronze, etc.

Havia uma loja de tecidos chamada “R. Monteiro” na Rua Quintino Bocaiuva nº 71 e várias filiais espalhadas pelo centro, onde eu comprava tecido para mandar confeccionar ternos, sim eu trabalhei muito tempo de terno e gravata. Os preços eram bons e só trabalhavam com tecidos de ótima qualidade que eu entregava ao “Sr. Monteiro” (nada tinha a ver com a loja), alfaiate português amigo de meu pai que morava na Rua Padre Antônio José dos Santos, no Brooklin e fez inúmeros ternos para mim com extrema perfeição.

Na Praça da Sé havia o restaurante “Juca Pato” no térreo do “Edifício Wilson Mendes Caldeira”. Tinha um balcão com cadeiras giratórias que dava várias voltas no salão muito iluminado com lâmpadas HO. Ficava aberto a noite inteira numa época que eram raros os locais 24 horas. Saia-se do cinema na seção da meia noite lá pelas 2:00 horas e era possível saborear um lanche às 3:00 da manhã acompanhado de uma Brahma que era a cerveja mais solicitada na época. Este edifício foi o primeiro a ser implodido no Brasil, no início da década de 70 para a construção da Estação Sé do metrô.








Cine Santa Helena – Praça da Sé 259 – O cinema ficava no Palacete Santa Helena e foi inaugurado em 1925. Estive lá no final da década de 60 e estava bem decadente, mas a sala de exibição era muito bonita. Foi demolido em 1971 para a construção da estação Sé do metrô.

Cine Mundi – Era o porão do Cine Santa Helena. No final da década de 60 infelizmente se o cinema principal estava decadente, dá para avaliar como se encontrava o porão.



Teatro Paramount – Av. Brigadeiro Luís Antônio 411 – Era lá que ocorriam os Festivais de MPB de 1964 a 1968 e grandes shows com Tom Jobim, Nara Leão, Jair Rodrigues, Elis Regina, Chico Buarque e outros que não me vem agora à memória. Com o AI 5 da ditadura em 1968, acabaram-se os shows e festivais, devido à exigência de censura prévia doravante. Em 1969 foi parcialmente destruído por um incêndio, sendo restaurado posteriormente levando o nome do patrocinador que levou adiante a reforma: “Teatro Abril”. É um teatro com uma excelente acústica e um palco de grandes proporções.



Cine Joia – Praça Carlos Gomes 82 – Lá passavam filmes japoneses da Toho, teve uma época  que eu vi muitos filmes japoneses na região da Liberdade.



Casa Espiral da Música – Era uma loja de discos que ficava quase em frente ao Cine Joia. Tinham um sistema de vendas original: Na prateleira ao alcance do público, estavam só as capas do disco com um papelão dentro com um código marcado. Se você se interessou pelo disco ia ao balcão e uma funcionária muito sorridente e prestativa te mostrava o disco em perfeitas condições e punha-o para ouvir se fosse do seu interesse. Comprei lá muitas raridades. Haviam várias filiais na região da Liberdade e uma no Viaduto Santa Efigênia.

Na próxima semana, a Parte IV – Av. Liberdade a Av. Jabaquara

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5.8.12

Os Cinemas de São Paulo II – Av. São João e Região


Dando prosseguimento a este roteiro sobre os cinemas que frequentei nas décadas de 60 e 70, vou agora para o denominado na época como centro novo, iniciando pela Av. São João e região:

Cinespacial – Av. São João 1465 – A sala de exibição era redonda, haviam 3 telas, o projetor ficava no centro e por um jogo de espelhos projetava a mesma imagem nas 3 telas. Fechou em 1994.

(Foto removida a pedido do autor da mesma)

Cine Comodoro – Av. São João 1462 – Cinerama era um sistema de projeção com três câmeras, com uma tela imensa em que a plateia, pelo menos as primeiras filas, ficavam dentro da curvatura da mesma conforme o gráfico abaixo. Os primeiros filmes foram: “Isto é Cinerama”, “As Sete Maravilhas do Mundo”, “Aventuras nos Mares do Sul”, depois como o sistema era muito caro passaram a ser produzidos filmes em 70mm, já com uma só câmera chamado Cinerama 70: “Uma Batalha no Inferno” e “2001 Uma Odisseia no Espaço”. Fechou na década de 90.





Cine Regina – Av. São João 1140 – Foi lá que assisti Intriga Internacional de Hitchcock, sempre passavam filmes bons e sempre tinha fila para compra de ingressos. Fechou na década de 80.

Cine Esplanada – Pça. Julio Mesquita 33 – A partir de 1979 passou a se chamar Cine Atlas. Fechou na década de 80.

Cine Oasis – Pça Julio Mesquita 117 – Este já estava decadente, passando dois filmes na mesma sessão. Hoje é sede de uma seita evangélica.

Na Pça. Júlio Mesquita 175 ficava e ainda fica há 86 anos o “Filé do Moraes”. O prato mais pedido é o filé com muito alho. Há uma filial na Al Santos 1105.



Cine Arouche – Largo do Arouche 426 – Era famosa uma seção da meia noite onde passavam os filmes em lançamento na cidade, só para assinantes. Pagava-se uma quantia mensal e num dia da semana assistia-se a um filme que só passaria comercialmente nos outros cinemas nas próximas semanas. Durou pouco essa modalidade, talvez pela pouca disposição do público em assistir um filme no centro à meia noite em um dia da semana, tendo que trabalhar cedo no dia seguinte. A partir de 1975 foi dividido em duas salas: A e B. Parece que ainda funciona sobrevivendo com filmes pornôs.

Nunca vou esquecer o “Pingão” do Largo do Arouche onde eu costumava parar para uma caipirinha, um Chopp, uma porção de calabresa acebolada ou fritas.

Aos sábados à noite eu saía com alguns amigos para a ronda dos cinemas, naquela época não havia internet, o único lugar que você poderia ver os filmes que estavam em cartaz, eram os jornais, geralmente a penúltima página com os anúncios dos lançamentos e uma listagem de todos os cinemas com os filmes em cartaz em letras bem miúdas. Eu preferia ir diretamente fazendo a ronda, descartando aqueles em que a fila era grande, ou pareciam estarem muito vazios porque no caminho podia-se mudar o rumo para outra diversão, ressaltando-se que era tudo feito a pé, estacionamento no centro sempre foi difícil e caro.

Haviam ônibus para os bairros a noite toda, porque ir de carro?. No meio da ronda podia-se optar por outra diversão: Do Largo do Arouche, subia-se a Rua Rego Freitas e lá no fim à direita quase na Praça Roosevelt ficava o “Som de Cristal”. Tratava-se da gafieira mais famosa de São Paulo, muito fina, era no primeiro andar, subia-se as escadas não sem antes pagar um ingresso que era barato e ser revistado, não era permitido entrar armado. Havia um grande salão com mesas e cadeiras e um balcão de mármore onde se pediam as bebidas e no lado oposto um palco onde se apresentavam artistas brasileiros e internacionais. Eu assisti lá várias vezes a apresentação do Nelson Gonçalves e do Bienvenido Granda, um cantor cubano radicado no Brasil, que sua característica eram os grandes bigodes, era chamado de “El Bigode que Canta” e fazia grande sucesso na época. A Orquestra do Waldemiro Lemke lá se apresentava e o repertório eram sambas e boleros. Eu nunca fui um bom pé de valsa, então raramente dançava, ia lá para ouvir boa música e para paquerar as meninas que lá frequentavam. Infelizmente a casa fechou, foi aberto um bingo no lugar que foi fechado também, não sei o que há lá agora.

Do Largo do Arouche para a Praça da República passava-se pela Rua Vieira de Carvalho, onde no horário comercial havia a “Casa Ricardo”, que vendia bebidas nacionais e importadas e havia uma lanchonete onde serviam lanches em pães pouco comuns naquela época, foi lá que conheci o pão chiabatta. À noite haviam algumas casas gays que naquela época eram frequentadas pelos chamados “entendidos”.

No Largo do Arouche havia uma excelente churrascaria chamada “Dinho’s Place” que rivalizava com o “Rubayat” na Vieira de Carvalho. Com a deterioração do centro, ambas se mudaram para outros locais.

Ainda no Largo do Arouche no nº 336 havia o “La Fregate” do Pierre, um francês pra lá de boa gente, que conseguia administrar durante o dia o restaurante de cozinha francesa e à noite uma boate no mesmo local, ao lado do famoso bistrô “La Casserole” que está lá desde 1954. Infelizmente o Pierre, não mais.

Também no Largo do Arouche existia e ainda existe o restaurante “Gato que Ri” especializado em massas, bom e barato.

Havia também a rede “Galetto’s” com várias casas espalhadas pelo centro, com excelente cozinha especializada em galeto assado e carnes muito bem preparadas, igualmente se retiraram do centro devido à deterioração do mesmo.

Não esquecendo também da “Churrascaria Farroupilha” que ficava na rua Timbiras e além das carnes servia uma linguiça feita lá mesmo que era muito boa, mas apesar das insistências não a vendiam por peso para assar em casa. O dono alegava que se vendesse a linguiça transformaria o restaurante em posto de venda de linguiça, formariam fila na porta e não faria mais nada. E todos concordavam com ele. Faziam também uma costela que raramente se encontra nos dias de hoje. 

No outro lado da Timbiras no nº 607 havia o “Giovanni” de cozinha italiana com um balcão no nível da rua e um restaurante com mesas no subsolo. Faziam as próprias massas e havia quem comprasse para levar para casa embora eu não achasse nada de especial nelas. No balcão o garçom trazia o prato com a massa escolhida já com o molho sobre ela e logo depois passava um funcionário com uma bacia plástica enorme cheia de parmesão ralado e com uma colher despejava uma farta quantidade sobre o prato.

Na esquina da Timbiras com a Pça da República havia um bar e lanchonete, era famoso o sanduiche de pernil e o bolinho de bacalhau que praticamente o dia todo, uma funcionária os fritava moldando-os com duas colheres. Era incrível a quantidade destes bolinhos que vendiam. Na porta havia sempre uma caixa vazia enorme de bacalhau da Noruega para que não pairassem dúvidas sobre a procedência da matéria prima de tais bolinhos. O proprietário, se gabava de ter construído um motel com os lucros da casa e distribuía cartões do novo empreendimento a todos. Há uma casa de sucos no local que nada tem a ver com o antigo estabelecimento, não tem pernil e nem bolinho de bacalhau.

Cine Bijou – Praça Roosevelt 172 – Era um cinema de Arte. Foi lá que assisti “La Voie Lactée de Buñuel que passou com o nome de O Estranho Caminho de San Tiago” em 1970. Passou a se chamar Cineclube Oscarito e encerrou atividades no final da década de 90.



No meio da aberração de concreto chamada Praça Roosevelt havia um supermercado “Eletroradiobrás” que era o único em São Paulo que ficava aberto 24 horas. Então se pintasse algum programa e não tivéssemos as bebidas, o jeito era ir lá e tudo estava resolvido.

Na esquina da Augusta com a Martinho Prado havia o restaurante “Planeta”, ponto de encontro de artistas teatrais e de TV. A TV Excelsior Canal 9 ficava na Rua Nestor Pestana e o atual Teatro Cultura Artística era seu auditório.

Não esquecendo também da “Cantina Amico Piolin” que ficava na Rua Augusta bem ao lado do viaduto em que a Praça Rooselvelt ficava em cima.

Lembrando do “Bar Estadão” que fica no Viaduto Nove de Julho 193, há mais de 35 anos servindo um dos melhores lanches de pernil da Cidade de São Paulo. Sempre foi uma alternativa excelente na madrugada. Chama-se Estadão porque no prédio ao lado ficava a redação e impressão do jornal “O Estado de São Paulo”

Na Rua Major Sertório 192 situa-se ainda hoje a “Casa Aerobrás” que comercializa kits para montar miniaturas de aviões e navios, aeromodelos, trenzinhos elétricos, autoramas e artigos para maquetes.  Para olhar suas vitrines, reserve uma hora completa e não conseguirá ver tudo.

Cine República – Pça da República 46 – Cinema muito antigo, nos anos 30 era o cinema da elite, passavam-se lá os filmes dos jogos de futebol da década de 50, antes da existência da TV. Foi lá que assisti “O Agente da Uncle”. Foi o primeiro cinema a passar Cinemascope. O prédio foi demolido e há um estacionamento no local.

Trabalhei 12 anos no Edifício José Maria Whitaker na Praça da República 468, então tive oportunidade de conhecer bem a região.

Havia uma rede de restaurantes no centro, chamada “Um Dois Feijão com Arroz” e “La Farina”, ambas as redes pertencentes ao ator e diretor Reginaldo Farias e nos salões eram exibidos cartazes de filmes nacionais. A primeira rede servia pratos de feijão com arroz, virado, tutu, feijoada (disponível todos os dias) etc. e a segunda rede eram pratos da cozinha italiana os mais diversos. Os pratos de feijão com arroz eram de qualidade razoável, e os preços eram muito bons. No La Farina eu gostava do nhoque com polpetone, os pratos eram de excelente qualidade, o único mal é que faziam minha roupa encolher.

Outra rede de restaurantes populares que marcou época foi o “Grupo Sérgio” com várias casas espalhadas pelo centro e bairros. O rodizio de pizzas era muito procurado, muitos se gabavam de conseguir comer mais de 25 pedaços de pizza, ocorre que a pizza era tão fininha que eram necessárias umas quatro para se igualar à massa fina das pizzas de hoje e a linguiça calabresa da pizza do mesmo nome era pra lá de suspeita.

Cine Metrópole – Av. São Luiz 187 – Ficava na Galeria Metrópole. Era famosa a seção da meia noite deste cinema, foi lá que assisti “A Mulher de Palha” com a Gina Lolobrigida que fazia grande sucesso. Encontra-se fechado.

Na Galeria Metrópole havia a Livraria Kosmos, com muitos livros de arte, eu gostava muito de garimpar por lá. Fechou em São Paulo mas continua no Rio de Janeiro. 

Havia lá um restaurante chamado “Chá Moon” que foi o primeiro self-service em São Paulo onde se podia comer à vontade por um preço fixo. Existia naquela época em São Paulo, um grupo de comilões que se vangloriavam de comer cada um duas feijoadas, dois frangos assados, etc. Suas façanhas estavam sempre nos jornais da época. Um dia apareceram no “Chá Moon” comeram tudo o que havia nas gondolas, obrigando o pessoal do restaurante a preparar às pressas comida extra para o atendimento da clientela. Na hora de pagar, perguntaram quanto iriam pagar. O gerente respondeu que pagariam o preço normal como todos, com a condição de não aparecerem mais por lá, porque o restaurante era feito para pessoas normais.

Cine Copan – Av. Ipiranga 220 – Edifício projetado por Niemeyer que em 1957 mais interessado com os projetos de Brasilia entregou a obra para ser finalizada por Carlos Lemos. Hoje há uma seita evangélica no local.



Cine Coral – Rua Sete de Abril 331 – Lá assisti “La Docce Vita” de Fellini, recentemente vi de novo em DVD e não me lembrava mais das cenas e achei que o filme envelheceu. E pensar que na época do lançamento era considerado obsceno! Depois de um período passando filmes pornôs, foi destruído por um incêndio e encerrou atividades no final da década de 90.

Cine Barão – Rua Barão de Itapetininga 255 – Galeria Califórnia – Cinema muito confortável, o prédio foi projetado por Niemeyer e Carlos Lemos em 1951 sendo inaugurado em 1955. Este cinema encontra-se fechado, mas há planos de reabertura.





Na Rua Barão de Itapetininga 275 ficava e ainda fica a “Livraria Francesa” com muitos livros de arte, passei lá muitos momentos agradáveis e algumas vezes saia com algum livro, local que gostaria de ter frequentado mais, mas meu bolso não permitia, naquela época os livros importados eram muito mais caros do que são hoje.

Igualmente na Barão de Itapetininga 88, que é uma galeria, haviam as livrarias “Tecno-Cientifica” e “Calil Antiquária”. A Primeira como o próprio nome sugeria, vendia livros técnicos, o destaque eram livros russos (em português ou inglês), fechou no início dos anos 80. A segunda é um sebo muito bem cuidado e administrado que existe até hoje cuja proprietária eu tenho a honra de citar que foi minha aluna, não me recordo em qual instituição, porque ministrei aulas em várias.

Cine Dom José – Rua Dom José de Barros 306 – Exibia filmes franceses ousados, depois mudou de nome para Cine Jussara. Foi lá que assisti “Moscou contra 007”. Sobrevive hoje com filmes pornôs.

Na Rua 24 de Maio haviam as lojas de discos:
Brenno Rossi que importava discos LP (não haviam CDs naquela época) Levava muito tempo para chegar mas era a única maneira de possuir discos importados. Eu era atendido pelo Vendedor Zezinho, que acabou se aposentando e passei a ser atendido pelo proprietário da loja. Comprei assim lá diversos discos do pianista Floyd Cramer, desconhecido por aqui e muitos discos de Jazz.

Bruno Blois com repertório variado e muitos discos importados, comprei lá uma boa parte de minha discoteca.

Casa Manon, esta loja vendia instrumentos musicais e discos onde era possível encontrar muitos discos de orquestras.

E as livrarias:
Livraria Siciliano – Que tinha os direitos sobre a obra de Monteiro Lobato, mas preferia não vender as edições originais e sim pequenos livretos com partes da obra. Comercializava bons títulos, comprei muita coisa por lá.

Livraria Saraiva – Com boa variedade de livros, também comprei lá muita coisa.

Havia também a loja de departamentos “Mesbla” na esquina da Dom José de Barros, estava sempre cheia embora comercializasse roupas de gosto duvidoso, móveis, eletrodomésticos, etc. tudo em suaves prestações a perder de vista. Atualmente o prédio está sendo reformado para ser o “SESC 24 de Maio

É lamentável no que se transformou o centro de São Paulo: Inúmeros armazéns com placa de aluga-se ou vende-se, outros transformados em estacionamento onde outrora havia um estabelecimento comercial de sucesso. Pelas ruas viciados em drogas perambulando como mortos vivos, sob as sacadas, moradores de rua acampados, etc. Os comerciantes que bravamente lutam para permanecer no local queixam-se da falta de segurança e da sujeira nas ruas. À noite a situação é muito pior, o risco de ser assaltado é enorme. Esse é o resultado da incompetência administrativa de sucessivos governos que presentearam ao povo paulista o centro da maior cidade da América Latina no estado deplorável em que se encontra hoje.

Cine Ipiranga – Av. Ipiranga 786 – Edifício projetado por Rino Levi, a plateia ficava no primeiro andar, haviam umas escadas em curva em que a iluminação ia decrescendo até a sala de exibição. O prédio foi tombado, mas continua fechado.

Na mesma calçada do Cine Ipiranga, foi aberto o primeiro “Mcdonald” do centro, o povo achava estranho ter que levar a bandeja após o uso a um local onde era despejado o lixo, era comum dizerem: “Você vai ao Mcdonald ?  Cuidado porque agora depois da bandeja te dão um balde e um esfregão para limpar o chão!”



Cine Marabá – Av. Ipiranga 757 – O prédio é da década de 40, originalmente tinha 1835 lugares na plateia que foi dividida em 5 salas, reformado é um dos poucos que continua funcionando.



Ao lado do Cine Marabá, havia o restaurante “Parreirinha” especializado em peixes, frutos do mar e rãs. Na entrada numa vitrine refrigerada expunham várias rãs e parava muita gente porque sempre foi um prato desconhecido do grande público. Mudou-se depois para a Rua Major Sertório, cheguei a ir lá várias vezes até que encerrou atividades definitivamente.

Bar Brahma – Av. São João 677 – Sempre foi um bom lugar para se passar boas horas no início da noite. Tirando um curto período que mudou até de nome, voltou a brilhar e continua uma boa pedida.



Cine Arcades – Av. Ipiranga 808 – Este eu já peguei bem decadente, fechou na década de 70.

Cine Windsor – Av. Ipiranga 974 – Bom cinema nos tempos áureos, foi lá que assisti “Help” dos Beatles. Hoje sobrevive com filmes pornôs.

Cine América – Av. Rio Branco 49 – Peguei já decadente, fechou logo.

Na Av. Rio Branco, quase esquina com a Ipiranga, ficava a “Churrascaria Cabana”, com sua churrasqueira no meio do salão. Foi lá que o Sr. Belarmino Iglesias trabalhou para aprender os detalhes do ofício, antes de abrir a Churrascaria Rubayat.

Cine Premier – Av. Rio Branco 62 – Peguei já decadente, mas deu pra ver alguns filmes bons, hoje há um estacionamento no local.

Avenida Danças – Av. Rio Branco cruzamento com Rua Aurora – Era um local onde pagava-se para dançar. A moça picotava um cartão que ficava com o cliente que depois pagava na saída junto com a consumação. Entrei lá uma única vez, mas logo que entrei saiu uma briga e cruzei com um sujeito esfaqueado, sangrando que se dirigia à saída. Fiquei assustado e saí imediatamente. A casa mudou-se logo depois para a Av. Ipiranga, mas no novo endereço nunca fui.

Cine Augustus – Av. Rio Branco 300 – Inaugurado em 1977, estive lá logo depois, simples mas bem cuidado, mais tarde mudou de nome para Cine Atlas. Encontra-se fechado.

Cine Rio Branco – Inaugurado em 1960 com o filme “Can-Can” com Frank Sinatra, Shirley MacLaine e Maurice Chevalier. Hoje há um estacionamento no local.



Cine Normandie – Av. Rio Branco 425 – Fui uma única vez até lá mas não entrei, ficava um tanto longe, segundo informações sobrevive com filmes pornôs.

Cine Metro – Av. São João 801 – Exigia paletó e gravata nos anos 60, vi lá alguns filmes da Jeanette MacDonald & Nelson Eddy e posteriormente vi lá “Dr. Jivago”. Hoje é uma seita evangélica.



Na Avenida São João havia o “Rei do Mate” que era uma casa de sucos e chá com várias versões de mate. O carro chefe era o Mate com Leite, que tinha a fama de curar ressaca. Eu particularmente nunca fui fã dessa mistura, ia lá sempre para acompanhar alguém.

Cine Ritz – Av. São João 593 – Só passava filmes da United Artists. Há um estacionamento no local.

Cine Rivoli – Av. São João 587 – Tinha uma cortina gigantesca, com 1200 metros de tecido. “A Noviça Rebelde” ficou quatro meses em cartaz neste cinema. Encontra-se fechado.

Cine Broadway – Av. São João 560 – Chegou a ser um dos cinemas mais bonitos de São Paulo, fechou em 1967.

Cine Olido – Av. São João 473 – Ficava numa galeria, aliás foi o primeiro cinema em São Paulo numa galeria e o primeiro a vender entradas numeradas. Continua funcionando em um projeto cultural administrado pela Prefeitura de São Paulo.



Ao lado do Cine Olido tinha uma lanchonete com duas máquinas de café expresso “Gaggia” manuais, o café era tirado puxando-se uma alavanca várias vezes, devem ter sido umas das primeiras na cidade, o café era muito bom, passava sempre por lá com alguma rabiteza para tomar café com chantilly, que era chantilly fresco de verdade e não a mistura de gordura e açúcar de hoje. Há uns dez anos, soube que as duas máquinas foram vendidas muito barato, uma delas não funcionava, mas a outra estava funcionando perfeitamente, pena que não soube antes, porque faria tudo para ter uma máquina destas em casa, apesar de muito grande.

No subsolo do Cine Olido, descia-se uma rampa, aliás duas, porque tinha 2 entradas e estávamos no “Leão D’Olido” um imenso restaurante com um exército de garçons e uma comida variada e deliciosa. Nos dias frios era possível antes de pedir o prato principal, saborear uma deliciosa canja de galinha ou um caldo verde.

Ponto Chic” – Largo Paissandu 27 – O local ainda está lá servindo os mesmos pratos: Mexido, Bauru, Bife a Cavalo, Filé à Cubana etc. O Bauru era o mais pedido, no pão francês leva rosbife, queijo prato e pepino.

Na esquina da Av. São João com o Largo Paissandu, ao lado do Ponto Chic reuniam-se artistas em sua maioria circenses à procura de trabalho e para trocar ideias entre eles. Vi muitas vezes por lá o Genival Lacerda e outros que não me recordo agora.

Cine Ouro – Largo Paissandu 138 – Inaugurado em 1966, antes chamava-se Cine Bandeirantes, Na sala de espera tinha uma réplica de uma rua de Ouro Preto com cópias de esculturas de Aleijadinho. No palco antes do início das sessões um pianista executava algumas músicas em piano de cauda que havia lá. Depois de um período com filmes pornôs, fechou definitivamente.

Cine Paissandú – Largo Paissandú 60 – A sala de exibição era muito alta, para a parte superior subia-se com um elevador. Encontra-se fechado.



Cine Art Palacio – Av. São João 419 – Prédio projetado por Rino Levi. Vi muitos bang-bangs por lá. Depois ficou decadente.



Grandes Galerias - Galeria do Rock – Ficava e ainda fica ao lado do Cine Art Palácio, comprei muitos discos na “Baratos Afins” que trabalhava com LPs novos e usados e sua especialidade era o Rock. Quando comecei a me aventurar em impressões em serigrafia, também frequentei muito essa galeria porque lá haviam várias lojas que gravavam telas e comercializavam tintas. No nº 165 dessa galeria havia uma lanchonete de 2 portugueses, um deles me lembro que se chamava Sr. Fernando, e o pessoal gostava de fazer piadas com ele perguntando se o misto frio iria demorar porque tinha que esfriar a chapa? Ele levava na esportiva e atendia a uma pequena multidão na hora do almoço porque seus lanches eram realmente muito bons. Passei lá recentemente e a loja está fechada, mas sei que não é mais dele há muito tempo.



Cine Marrocos – Rua Conselheiro Crispiniano 352 – Chegou a ser considerado o mais luxuoso da América do Sul. Na sala de espera havia uma bonita fonte luminosa e um bar. Foi o último cinema a exigir paletó e gravata. Deixei de ver muitos filmes lá devido a esta característica. Encontra-se fechado. Há um plano da prefeitura de São Paulo de reabrir este e outros cinemas do centro, mas com a troca de prefeitos no próximo ano, acho difícil que isto se realize. Uma das características da política brasileira é que quem assume trata logo de engavetar qualquer plano de seu antecessor.



Museu do Disco – Esta loja de discos ficava quase em frente ao Cine Marrocos, Era possível garimpar por lá discos há muito saídos de circulação.

Em frente ao Teatro Municipal havia a loja Mappin, era uma loja de departamentos, no sub solo havia uma seção de bebidas muito sortida e em cada andar vendia-se um tipo de mercadoria. Tomava-se um elevador e o ascensorista parava nos andares e anunciava: Primeiro andar, móveis de sala, quarto e cozinha. Segundo andar, eletrodomésticos e bicicletas, e assim até o 7º ou 8º andar, não me lembro mais. Fechava sempre à meia noite e algumas vezes nessa hora ia para lá para paquerar as meninas na hora da saída. Comprava-se bem por lá, até que faliu junto com a Mesbla uma vez que as duas lojas eram do mesmo dono.



Falar do Mappin e não falar do “Guarda Luizinho”, fica faltando algo! Luiz Gonzaga Leite era o guarda que orientava a travessia de pedestres da Rua Xavier de Toledo, ao lado do Mappin, isto por volta de 1975. Ficou famoso por orientar o transito de pedestres com alegria e bom humor, dava até uma caveirinha para aqueles que atravessassem fora da faixa, não sem antes de uma bronca que não era bronca, tal era o seu jeito peculiar de falar em segurança no transito. Se um veiculo, parasse sobre a faixa de pedestres, ele pedia ao motorista para sair e abrir as portas do carro, em seguida convidava o publico a atravessar por dentro do carro. Eu fui um dos que inúmeras vezes parei no local alguns minutos só para ver sua atuação. O transito de pedestres no local hoje, não é metade do que era naquela época!



O “Teatro Municipal” era um local que eu gostava muito de frequentar. Havia o concerto do meio dia com entrada grátis, uma orquestra ou instrumentista tocava uma peça de mais ou menos meia hora. Tive a oportunidade de ver Camargo Guarnieri regendo a Sinfônica Municipal e o violinista Natan Scwartzman que era um virtuoso no Concerto nº 1 de Paganini. Mas nunca consegui ver uma ópera lá.

Leiteria Americana -  Rua Xavier de Toledo 66 – Fazia e ainda faz sanduiches fantásticos, antes ou depois do cinema era parada obrigatória.

Cine Cairo – Rua Formosa 401 – Este eu já peguei bem decadente, passavam sempre 2 filmes, nunca entrei lá por este motivo e pelo local e arredores estarem bem decadentes já naquela época.

Lanchonete 2 Porquinhos – Av. São João entre a Libero Badaró e o Anhangabaú. Tenho dúvidas se o nome era realmente esse, mas era chamado por esse nome devido a existir no local um luminoso de neon onde 2 porquinhos puxavam e disputavam uma linguiça. Era uma lanchonete onde se comprava a ficha do sanduiche desejado e depois retirava-se o lanche num guichê numa divisão de vidro por onde podia-se observar a confecção do lanche. Os lanches não eram lá aquelas coisas, mas eram muito baratos.

Na Avenida Prestes Maia, antes do Viaduto Santa Efigênia em frente ao antigo prédio dos Correios, havia um pequeno bar. Digo pequeno porque dentro dele só cabia o próprio dono, o balcão era virado para calçada onde ficavam os consumidores. Servia apenas caipirinha de limão ou carambola. Já haviam vários copinhos com pedaços de limão ou carambola e açúcar preparados, o balconista perguntava: Limão ou Carambola? Escolhida a variedade, ele espremia a fruta e o açúcar com um pilão e completava o copo com aguardente “Tatuzinho” ou “3 Fazendas” que eram as mais famosas na época. Não havia nada para se comer. Era a Happy Hour de quem estava com muito pouco dinheiro, talvez por isso era muito procurado ficando uma pequena multidão na calçada com o copinho na mão.

Seguindo-se na mesma calçada, depois da Rua Carlos de Souza Nazareth e antes da Senador Feijó, havia uma gafieira que não me recordo o nome. Tinha a particularidade de ter as cadeiras e mesas aparafusadas no chão, depois eu vim saber o porquê. Combinei com um amigo de ir lá numa noite, não me lembro o que ocorreu e eu não pude ir, mas ele foi com outros amigos. Contado por ele, lá pelas tantas fechou uma tremenda briga, garrafas, copos e pratos voavam livremente, só as cadeiras e as mesas que não! Ele conseguiu sair pelos fundos não sem levar uma mordida do cão que guardava o quintal do vizinho onde teve que passar até conseguir sair na Rua 25 de Março.

Em baixo do viaduto do chá construiu-se uma passarela de gosto duvidoso que serviu para diminuir os atropelamentos no vale que apesar de cercado por uma rede alta, sempre havia alguém que tentava atravessar por ali, morrendo atropelado. Com a construção dos tuneis sob o vale essa passarela foi em boa hora demolida e sumiu também o chamado “Buraco do Adhemar” que era uma passagem sob a Avenida São João que sempre se enchia de água quando chovia da mesma forma como se enchem de água os túneis atuais.



O destino agora é o Vale do Anhangabaú onde fazia ponto inicial o ônibus da “Viação São Benedito” que se destinava à Praça da Arvore. Era uma linha exemplar, ônibus sempre limpos e bem cuidados, poltronas estofadas, durante o dia de 5 em 5 minutos passava um. São Paulo já teve um serviço de ônibus de primeira, depois dos sucessivos planos municipais mirabolantes onde a prioridade sempre foi encher os bolsos de alguém em detrimento do passageiro que ficou relegado a mero pagante mal servido.



Ou seguir em frente em direção à Praça da Sé.

Na próxima semana, a Parte III – Pça da Sé e Região

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